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Ratinho Junior e o Ensaio Presidencial: A nova pesquisa nacional e os caminhos para 2026

  • Foto do escritor: René Santos Neto
    René Santos Neto
  • 15 de abr.
  • 5 min de leitura


A primeira rodada da pesquisa nacional realizada pelo Instituto Opinião, entre os dias 9 e 11 de abril de 2025, com 2.000 entrevistados e margem de erro de 2,19%, oferece um panorama revelador do tabuleiro eleitoral rumo às eleições presidenciais de 2026. Entre os dados brutos e as curvas de intenção de voto, desponta uma figura que há muito extrapolou os limites políticos do Paraná: o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD).


Ainda que não liderando os cenários simulados de primeiro turno, Ratinho Junior aparece com 6,2% das intenções de voto no cenário em que seu nome é testado. Para um político que ainda não possui projeção nacional equivalente à de Lula, Bolsonaro ou mesmo Tarcísio de Freitas, trata-se de um desempenho altamente expressivo — e, mais do que isso, promissor.


O governador que mira o Planalto


Ratinho Junior representa, talvez mais que qualquer outro nome testado na pesquisa, o arquétipo do gestor conservador de centro-direita pós-bolsonarismo: um governador que fala de infraestrutura, entrega resultados, evita embates ideológicos diretos, mas que possui base entre os eleitores evangélicos, agronegócio e setor empresarial. Sua força política no Paraná é inegável — e ela transborda.


Sob seu comando, o estado consolidou-se como um dos que mais investem em obras estruturantes, com destaque para concessões rodoviárias, parcerias público-privadas e estabilidade fiscal. Com aprovação consolidada em todas as regiões do estado, e vitórias sucessivas em 2022 e em prefeituras aliadas em 2024, Ratinho Junior já pode ser considerado o político mais influente do Paraná desde Jaime Lerner — talvez superando-o, inclusive, em densidade partidária.


Os números da pesquisa: leitura além das posições


Na pesquisa do Instituto Opinião, Ratinho aparece com 6,2% das intenções de voto em um cenário que inclui Lula (36,8%), Pablo Marçal (13,2%), Ciro Gomes (10,4%), Ronaldo Caiado (4,2%) e Eduardo Leite (3,8%). Essa colocação, embora discreta à primeira vista, revela pelo menos três elementos relevantes:


  1. Reconhecimento fora da região Sul: Ratinho obtém desempenho relativamente homogêneo, com crescimento no Sul (10,8%) e presença relevante em outras regiões, o que mostra que sua imagem começa a superar a barreira regional.

  2. Espaço no eleitorado moderado: A disputa de 2026, caso se configure com Lula ou um candidato do PT versus uma figura conservadora, dependerá fortemente do voto moderado. Ratinho representa esse perfil: conservador sem ser radical, gestor sem populismo.

  3. Baixa rejeição e alto potencial de crescimento: Seu nome ainda é pouco conhecido nacionalmente, mas sua rejeição é muito menor que a de líderes nacionais polarizadores. Isso o torna um "papel em branco" para boa parte do eleitorado — o que é, do ponto de vista estratégico, uma vantagem inestimável.


Vice ou cabeça de chapa?


A pergunta que naturalmente emerge é: Ratinho mira a cabeça de chapa ou se posiciona como um vice viável?


Ambas as hipóteses são possíveis — e nenhuma pode ser descartada neste momento.


No campo da vice-presidência, Ratinho Junior seria um nome ideal para compor com Tarcísio de Freitas, caso este assuma a liderança de uma candidatura bolsonarista menos radicalizada. A dobradinha São Paulo-Paraná garante capilaridade no Sudeste e no Sul, e poderia unificar o centro-direita em torno de uma proposta "pós-bolsonarista", sem romper com o eleitorado conservador.


No entanto, Ratinho pode muito bem construir um projeto próprio, especialmente se:

  • Tarcísio permanecer no governo paulista;

  • Bolsonaro estiver inelegível ou sem força para liderar diretamente a sucessão;

  • o PSD de Kassab optar por lançar uma candidatura moderada, fora da polarização entre PT e PL.


Além disso, sua boa relação institucional com Lula e com o setor produtivo pode permitir que ele transite entre diferentes campos do espectro político — algo fundamental para vencer em um país polarizado como o Brasil.


O capital político do Paraná e o projeto nacional


A força de Ratinho Junior no cenário nacional não pode ser dissociada da sua influência no Paraná. A estrutura partidária que ele montou no estado — com alianças que atravessam o PSD, o PP, o PL, e segmentos do União Brasil e do MDB — confere a ele uma robustez eleitoral que pode ser nacionalizada.


Em 2022, Ratinho foi reeleito com 69% dos votos, no primeiro turno. Em 2024, os candidatos ligados ao seu grupo venceram em cidades estratégicas como Londrina, Maringá, Cascavel e Curitiba. Com esse desempenho, Ratinho tem o que poucos candidatos terão em 2026: uma base regional completamente consolidada, com prefeitos, deputados e senadores que lhe devem fidelidade e terão interesse em sua projeção nacional.


Comparações inevitáveis: Caiado, Tarcísio e o efeito Bolsonaro


Na mesma pesquisa, Ronaldo Caiado (União Brasil) pontua com 4,2% — e Eduardo Leite (PSDB) aparece com 3,8%. Isso coloca Ratinho Junior à frente de ambos, mesmo sem ter ocupado cargos nacionais ou liderado pautas de visibilidade midiática. O dado é indicativo: o eleitor conservador está disposto a considerar nomes novos, desde que tragam estabilidade, moderação e competência administrativa.


Tarcísio de Freitas (Republicanos) aparece com mais força — principalmente nas simulações com Lula — chegando a 21,8% em determinados cenários. No entanto, sua vinculação com Bolsonaro ainda é uma âncora pesada: atrai o bolsonarismo raiz, mas repele parte significativa do eleitorado moderado urbano, sobretudo no Sudeste.


Ratinho, por sua vez, construiu uma imagem menos ruidosa: não tem envolvimento com escândalos, não hostiliza adversários, mantém diálogo institucional e é pragmático na condução de pautas econômicas. Isso o torna um nome especialmente competitivo caso a eleição de 2026 caminhe para uma “fadiga da polarização”.


Desafios pela frente


Se há oportunidades claras, também existem desafios. Ratinho precisará:


  1. Aumentar sua visibilidade nacional: Ele ainda é desconhecido para parte considerável do eleitorado do Norte e Nordeste. Precisará investir em agenda pública fora do Paraná e ampliar sua presença em veículos nacionais e redes sociais.

  2. Definir seu campo de alianças: O PSD é um partido conhecido por sua vocação pragmática. Kassab ainda hesita entre alianças com Lula ou a construção de uma candidatura própria. Ratinho precisará tomar decisões que poderão atrair ou afastar aliados.

  3. Construir narrativa: Para além do "bom gestor", será preciso apresentar um projeto de país. Sem uma agenda clara — seja em economia, segurança ou inovação — sua candidatura pode parecer tecnocrática demais frente a adversários com discursos mobilizadores.


Conclusão: O Sul quer subir o Planalto?


A presença de Ratinho Junior entre os nomes testados em cenário nacional já é, por si só, uma notícia relevante. Sua força eleitoral no Sul, seu bom desempenho na avaliação de gestão e sua postura institucional o posicionam como um dos nomes mais viáveis para representar a centro-direita brasileira em 2026.


Se a eleição presidencial do próximo ano buscar uma figura que una gestão eficiente, capacidade de diálogo e identidade conservadora sem radicalismo — o nome de Ratinho Junior estará na mesa. Cabe a ele e a seus articuladores decidirem se o Paraná permanecerá como um bastião regional — ou se finalmente se transformará em trampolim para a presidência da República.


Referência da pesquisa:Instituto Opinião – Pesquisa Nacional – Abril de 2025. Coleta entre 09 e 11/04/2025. Amostra: 2.000 entrevistas. Margem de erro: ±2,19%. Método: CATI (entrevista telefônica assistida por computador). Registro disponível sob responsabilidade estatística do CONRE 4 nº 8548/21.

 
 
 

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