Desvendando os Pilares da Governabilidade no Brasil: Entre a Política e o Poder
Em um cenário político vibrante como o do Brasil, a dança do poder oscila ao ritmo de quatro pilares fundamentais que determinam o destino de qualquer governo. À medida que nos aprofundamos na era Lula, contrastando-a com as tempestades enfrentadas por Dilma Rousseff, emerge uma trama digna de análise: como a estabilidade, a eficácia e a própria sobrevivência de um governo dependem de fatores que transcendem a simples política.
A Batalha pela Legitimidade
No coração do drama político brasileiro, a legitimidade surge como o primeiro grande desafio. A divisão eleitoral não é apenas uma linha na areia; é um abismo que separa o governo do povo. Quando um líder sobe ao palco sob vaias de fraude e contestações, cada passo adiante é uma luta para convencer a plateia de sua verdadeira vocação para o papel.
Em "Dilma 2", houve contestação dos resultados por parte do tucano Aécio Neves; esse questionamento à legitimidade e a profunda divisão de votos certamente afetaram esse pilar de governabilidade para Dilma Rousseff desde o início.
Atualmente, encontramos um cenário dito "polarizado", mas pode ser pior do que isso, além de ser polarizado poderá ser volátil. Ainda que no atual cenário o STF tome iniciativas duras contra qualquer um que questione o resultado das urnas, talvez isso não baste para acalmar o Zeitgeist.
O Xadrez do Congresso
Aqui, os bastidores do poder são dominados pelo jogo de xadrez com o Congresso. As peças movem-se com cautela, pois uma estratégia mal calculada pode levar à paralisação ou, pior, ao xeque-mate. Um governo que não dança ao ritmo do Congresso arrisca-se a cair no ostracismo político, com suas iniciativas e projetos condenados ao limbo legislativo.
Neste sentido, o diálogo com o Congresso parece aos poucos estar ruindo. O pedido de impeachment com número recorde de assinaturas, somado à demonstração de força da oposição nas ruas, parece estar afetando o diálogo com o Congresso, que para o governo tem ficado cada vez mais caro.
Sabemos que tubarões se agitam quando há sangue na água; o que vale perguntar aqui é quanto tempo poderá o governo alimentar de forma satisfatória os tubarões antes que vire janta.
A Economia como Termômetro
Se o Congresso é o xadrez, a economia é o termômetro que mede a febre da nação. Uma economia robusta é sinônimo de um governo saudável, mas quando os números desandam, a insatisfação popular se torna contagiosa. Nesse cenário, a base de apoio do governo desmorona como um castelo de cartas, deixando a liderança exposta aos ventos gelados da oposição.
Logo após o protocolo do pedido de impeachment, o governo liberou 20 bilhões aos congressistas para suas emendas, imprimindo dinheiro em velocidade cada vez mais alarmante.
O governo demonstrou que, em nome de vitórias a curto prazo, não se importa de sacrificar sua aprovação e a economia nacional para os próximos 10 anos, aumentando cada vez mais seu endividamento à medida que enfraquece ou necessita dialogar com os poderes, sejam eles públicos ou privados.
O Poder da Voz do Líder
No palco político, a voz do líder é sua arma mais poderosa. Uma comunicação eficaz pode transformar vaias em aplausos, desdém em simpatia. Falhar em conectar-se com o público é um prelúdio para o isolamento, preparando o terreno para que sussurros de impeachment se transformem em clamores por mudança.
De todos os políticos governistas, o presidente é o que detém maior poder carismático, mas essa situação parece erodir a cada dia que passa. Mal assessorado, Lula tem feito declarações desastrosas, que vão aos poucos minando sua capacidade de diálogo com pessoas que não fazem parte de uma minoria extremista e barulhenta que o suporta a qualquer custo.
A Mídia: O Refletor do Poder
Enquanto isso, a mídia observa de sua plateia privilegiada, pronta para lançar o refletor sobre falhas e acertos. Sua narrativa tem o poder de moldar heróis e vilões, de ditar o tom da conversa nacional. Nesse teatro, a opinião pública é tanto espectadora quanto crítica, influenciada mas também influenciadora do espetáculo político.
Vemos que alguns veículos da velha mídia demonstram hoje a possibilidade de afastamento ou divórcio de interesses com o governo. Rios de dinheiro em publicidade podem acalmar a situação, mas talvez estejam próximos de não mais bastar.
O STF: Guardião ou Carrasco?
E então temos o Supremo Tribunal Federal, o guardião das regras do jogo. Sua capacidade de intervir, de interpretar a constituição, pode tanto salvaguardar quanto desafiar um governo. Em momentos de crise, sua palavra é o deus ex machina que pode redefinir o enredo ou simplesmente acelerar o desfecho.
Os governistas têm deixado ao STF a responsabilidade de legitimar seu poder e manter a oposição calada por meio de decisões e medidas questionáveis. Confiando, portanto, que o STF protegeria Lula de um impeachment. Isso é um erro.
É um erro, pois contar com isso é contar com uma estrutura tão frágil quanto a confiabilidade de uma volúvel turma de onze seres humanos. Em mais de uma oportunidade, o STF demonstrou que não é tão ideológico quanto é patrimonialista e pode concordar com a ejeção do presidente facilmente caso veja ser essa a forma mais conveniente de atender ao espectro de interesses a eles ligados.
Lições do Passado
Olhando para trás, para o drama do impeachment de Dilma Rousseff e Collor, vemos a importância crítica desses pilares. Quando começam a ruir, o palco político torna-se um campo minado, onde cada passo é perigoso e cada decisão, um risco.
Conclusão: A Arte da Governabilidade e o Impeachment
Neste teatro político brasileiro, governar é uma arte que exige equilíbrio, percepção e, acima de tudo, a capacidade de manter-se firme sobre quatro pilares essenciais. A história nos ensina que a ausência ou a fragilidade de qualquer um deles não apenas enfraquece o governo, mas pode precipitar seu fim. À medida que avançamos, resta observar como o atual governo enfrentará esses desafios, se adaptará à narrativa e reforçará os pilares que sustentam o poder numa democracia vibrante e imprevisível como a brasileira.
Temos, portanto, que é plenamente viável o impeachment de Lula caso ele insista em seguir no atual curso, alimentando tubarões, falando apenas a extremistas e ruindo a economia por meio do aumento desenfreado do endividamento fiscal.
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