A história da humanidade ensina que líderes embriagados pelo ódio e o rancor muitas vezes tomam atitudes irracionais e imprudentes, que por sua vez levam a consequências negativas, como perda de poder, isolamento ou conflito.
No caso do governo Lula, ainda em lua de mel com o congresso, a situação tal como posta, demostra que seus líderes tenham compreendido a volatilidade do cenário atual por não ter dado prioridade a políticas conciliatórias, o governo e o partido dos trabalhadores, ora no poder, decidiram tomar diversas atitudes desagregadoras, que não vem ao benefício de absolutamente ninguém e prejudicam imensamente o Brasil.
Em vez disso, é urgente que o governo passe a promover um diálogo construtivo e respeitoso sobre as opiniões e sentimentos das pessoas em relação ao seu país, e trabalhar para construir um senso de unidade e solidariedade entre as diferentes comunidades que compõem a nação, sob pena de termos um futuro muito complicado.
1. O banimento do sentimento patriótico
Como sabemos, o patriotismo é o amor e a lealdade a uma nação e suas tradições, e é um sentimento que muitos brasileiros têm em relação ao país. Embora possa haver diferentes opiniões sobre como expressar esse sentimento, é importante respeitar a opinião dos outros.
Ocorre que líderes do partido dos trabalhadores tem feito repetidas declarações desrespeitosamente zombando do patriotismo de brasileiros. Há uma aversão à bandeira nacional e até mesmo à camisa amarela da seleção brasileira, que já nos trouxe tantas alegrias.
A forma desrespeitosa e a zombaria ao patriotismo acirram ainda mais um clima negativo e pode levar maiores conflitos e divisões desnecessárias.
Todavia, é importante lembrar que a história do Brasil foi moldada por diversos movimentos patrióticos, por exemplo, a Inconfidência Mineira, em 1789, foi liderada por patriotas que lutavam pela independência do Brasil de Portugal. O movimento, embora tenha falhado, inspirou futuros levantes independentistas. Em 1822, o príncipe Dom Pedro I declarou a independência do Brasil, tornando o país uma nação soberana.
De fato atmosfera anda tão nociva que ao defender o respeito ao patriotismo em seleto grupo fui recebido por um entusiasta de Lula com um meme retratando o filósofo inglês Samuel Johnson com os dizeres “O patriotismo é o último refúgio de um canalha”.
Quem conhece a obra de Johnson sabe que esse trecho está fora do contexto. Johnson estava criticando a manipulação da ideia de patriotismo por indivíduos inescrupulosos que usavam o termo para esconder suas intenções duvidosas em crítica a situação específica na política inglesa durante o século XVIII.
Por sinal, em adendo, Johnson ficaria triste ao analisar a situação no Brasil de hoje, pois era ferrenho defensor das liberdades individuais, especialmente a liberdade de expressão. O cerceamento do patriotismo natural certamente não era sua intenção. Não só isso, Johnson valorizava as virtudes proporcionadas pelo trabalho árduo e certamente não estaria ao lado ou se associaria com a leniência à corrupção.
Além disso, a postura de líderes governistas em basicamente repelir o patriotismo seria uma violação dos direitos humanos e liberdades civis das pessoas, e poderia levar a um clima de repressão e medo.
2. Revisionismo histórico em canais oficiais do governo
Por meio de canais oficiais o governo tem divulgado falas sabidamente mentirosas sobre o processo de impeachment de Dilma Roussef (2016) e operação Lava Jato, fazendo uso da máquina como se partido político fosse, vitimando, principalmente, a verdade.
Isso porque homens bons e informados testemunharam o transcurso do impeachment de Dilma (2016) e os desdobramentos da Lava jato. Ainda que ambos os processos estejam sujeitos a críticas, eles transcorreram dentro da legalidade e de clima de normalidade e respeito institucional.
Ao classificar esses episódios como "golpe de estado" por canais institucionais o governo apenas cria um clima ruim e apenas limita a fé que as pessoas podem depositar, asseverando ainda mais o clima de insegurança institucional e pouca fé no executivo.
Importante lembrar que o impeachment é uma medida prevista na Constituição brasileira. Quando uma autoridade eleita é acusada de cometer crimes de responsabilidade, o Congresso Nacional tem o direito e o dever de investigar e julgar essas acusações. Foi exatamente isso que aconteceu com a presidente Dilma Rousseff. As acusações contra ela foram avaliadas por uma comissão especial da Câmara dos Deputados e, posteriormente, pelo Senado Federal.
As investigações foram conduzidas de forma transparente e democrática. Todas as partes envolvidas tiveram a oportunidade de apresentar suas argumentações e provas, e os procedimentos foram acompanhados pela muito de perto imprensa e pela sociedade civil.
O governo ainda peca ao dizer que o impechment foi um processo estritamente político, sem nenhuma base. As acusações contra a presidente Dilma Rousseff se referiam a irregularidades fiscais e orçamentárias, que violam a lei e prejudicaram o país, e estiveram sujeitas à detida análise técnica dos maiores especialistas do Brasil e à ampla defesa.
Devemos recordar ainda que, conforme estabelece a constituição, o procedimento final foi presidido pelo presidente do STF, a época, Min. Lewandowski.
As pessoas bem informadas também sabem que Lula não foi condenado sem provas, como tenta propalar o próprio governo em âmbito oficial. A Operação Lava Jato, que investigou a corrupção no Brasil, descobriu evidências concretas de que Lula teria recebido propinas e favorecimentos ilícitos.
Essas evidências existem, são públicas, e foram apresentadas em um processo judicial, no qual Lula teve a oportunidade de se defender e apresentar sua versão dos fatos. Inclusive com a oitiva de um grande número de testemunhas por ele escolhidas.
Além disso, é importante destacar que a condenação de Lula foi confirmada em segunda instância, com aumento de pena pelo colegiado, ou seja, por um tribunal formado por juízes diferentes daqueles que conduziram a primeira instância do julgamento.
Não apenas isso, como o julgamento de Lula foi confirmado, a época pelo STJ e STF. Sempre após a ouvida de membros do Ministério Público, sempre diferentes em cada tribunal. Isso demonstra que a condenação foi baseada em um conjunto consistente de evidências e argumentos, que foram considerados válidos por mais de um juiz.
A condenação de Lula não foi uma questão de perseguição política ou ideológica. Ao contrário, foi uma medida necessária para combater a corrupção e proteger as instituições democráticas do nosso país por meio da regular aplicação da Lei. A anulação do processo pelo STF permanece tema de profundo debate acadêmico entre juristas, não havendo consenso.
Negar a regularidade desses dois processos históricos os classificando como "golpe", no uso de vias oficiais não apenas é propagar 'Fake News' como é enfraquecer as instituições brasileiras que tem as funções de combate à corrupção com atitudes notadamente rancorosas.
São discursos desnecessários e desagregadores, pois sabidamente falsos. O governo deveria se abster de propalar falsas notícias ou discursos revisionistas.
3. Nenhuma política de combate à corrupção ou embate à organizações criminosas
O governo parece não notar que para muitos brasileiros Lula deveria estar, hoje, cumprindo o remanescente da pena imposta por corrupção. No entanto grande maioria do brasileiros são pessoas pacíficas e cumpridoras das leis, e respeitam as decisões de nossos tribunais e acatam e acolhem Lula como Presidente da República.
No entanto o governo deveria ter o senso crítico para entender que isso tudo gerou um sentimento negativo, de impunidade.
O governo também não tem adotado nenhum tipo de medida ou mesmo apresentado projetos para enfrentamento a organizações criminosas como, por exemplo, o PCC, o CV e as Milícias.
Sabendo do contexto, o governo deveria se preocupar mais em propor medidas de real enfrentamento a corrupção e a criminalidade como um todo: de forma imparcial (ambidestra: tanto da esquerda como da direita), sob pena de ver, em breve, crises institucionais cada vez mais comuns. O que é muito ruim para o país.
4. Mensagens assustadoras relativamente à repressão às liberdades e quebra da economia nacional
Não bastassem as declarações de simpatia a governos ditatoriais, que sofrem sérias denúncias de morte, tortura, perseguição de opositores e silenciamento da imprensa, como os governos de Cuba, Venezuela e Nicaragua.
E apoio a ideias que levaram a desastres econômicos como os da citada Venezuela e Argentina o PT chegou a apresentar uma nova logo, em comemoração aos seus 43 anos, com as exatas cores utilizadas por estados bolivarianos. A semelhança é tão grande que ao inclinar a logo ela se parece exatamente com a bandeira da Venezuela.
Houve declarações preocupantes ainda que sugeririam limitações à liberdade de imprensa, o que não deveria acontecer.
Outra mensagem assustadora é o uso ostensivo de cores partidárias ou ideológicas em eventos oficiais.
Esses tipos de mensagens são desnecessárias, desagregam, criam um clima de terror e insegurança, inspirando a falta de confiança de e empreendedores e trabalhadores no futuro do país. Resumidamente, simplesmente exala sentimentos destrutivos como ódio, rancor e revanchismo que deveriam ser evitados.
5. Criminalização de ideias da oposição e falta de tolerância política
Ao final, justamente o pior dos sinais que advém principalmente de uma disputa polarizada, marcada por episódios lamentáveis, os líderes do partido dos trabalhadores e seus seguidores ferrenhos parecem ter simplesmente fechado em uma “bolha”.
Os efeitos da falta de tolerância política são nefastos, ao fechar-se em bolhas ideológicas, crer em ideias e preceitos políticos tais quais fossem dogmas ideológicos, em um ambiente onde líderes e imprensa apenas escutam e compartilham ideias que reforçam suas próprias crenças e valores, os nervos acabam ficando a flor da pele quando apresentados à situação de dúvida ou ideias antagônicas típicas do debate democrático.
Sendo mais fácil perder a razão e incorrer em condutas injuriosas, o que no âmbito do debate político é extremamente nocivo. Isso sem falar no sentimento gerado de que qualquer discurso ou ideal que tenha a ver com a oposição ao governo deve ser tratado, ainda que subliminarmente, como uma ideia criminosa.
A falta de tolerância política não apenas pode levar os intolerantes a uma vida intelectualmente estagnada, pela falta de crescimento pessoal, como a endossar ideias e soluções extremas, nocivas e desumanas, sem maiores questionamentos.
Fechar-se ao debate é uma postura antidemocrática, no entanto, assustadoramente, há líderes governistas que defendem simplesmente o encerramento do diálogo com setores da sociedade que não querem ouvir, o que é uma péssima ideia.
Vale aqui citar o filósofo inglês John Stuart Mill, que em seu livro "Sobre a Liberdade", argumenta que a liberdade individual é essencial para a busca da verdade, e que a diversidade de opiniões é fundamental para o progresso humano, já o filósofo francês Michel Foucault, que em seus estudos sobre o poder e a verdade, argumenta que a tolerância não deve ser vista como uma virtude em si mesma, mas como uma atitude política que nos permite lidar com a diferença e a diversidade, sem tentar eliminá-las ou negá-las.
Assevere-se que a falta de tolerância política é uma das principais causas de conflitos e episódios infelizes na história:
Holocausto: Durante a Segunda Guerra Mundial, os membros do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, conhecidos como nazistas, sequestraram todos os meios de produção e violaram propriedade privada e liberdades, perpetraram um genocídio contra os judeus, que resultou na morte de seis milhões de pessoas. O Holocausto foi resultado da intolerância política dos nazistas em relação aos judeus e todos os seus opositores, que eram considerados uma ameaça à Alemanha.
Ditaduras: Em muitos países do mundo, governos militares assumiram o poder e suprimiram a oposição política. Em países como o Cuba, Nicarágua e Venezuela, as ditaduras levaram à perseguição, tortura e morte de opositores políticos. Isso sem falar no silenciamento de jornalistas.
Apartheid: Na África do Sul, o sistema de apartheid, segregava a população negra e impedia que ela tivesse os mesmos direitos políticos e sociais dos brancos. A luta contra o apartheid levou a conflitos violentos e a prisão de líderes políticos, como Nelson Mandela.
Guerra civil na Síria: A guerra civil na Síria começou em 2011 e já dura mais de uma década. A guerra é resultado da intolerância política do governo sírio em relação aos opositores políticos, que exigiam maior liberdade e democracia. O conflito já causou centenas de milhares de mortes e o deslocamento de milhões de pessoas.
Perseguição política na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS): Durante o regime comunista da União Soviética, milhares de opositores políticos foram perseguidos, presos e executados. A intolerância política do regime comunista resultou em um clima de medo e opressão, que durou décadas.
É evidente que a polarização pode causar irritação, a resistência e a baixa empatia, mas é necessário que o nossos líderes não se permitam que ódio ou rancor gere intolerância.
O Brasil sempre foi um país plural, em todos os aspectos, podemos ter opiniões diferentes e ainda assim respeitar uns aos outros. O diálogo aberto e respeitoso é fundamental para encontrarmos soluções para os problemas que enfrentamos.
Nesse sentido é imperioso que os líderes de nosso país tentem manter a mente aberta e respeitar o fato de que nem sempre suas conclusões serão unanimidade e resistam à tentações autoritárias.
Conclusão
Discutimos aqui a volatilidade política que pode ocorrer quando líderes governamentais tomam decisões baseadas em ódio e rancor, levando a consequências negativas, como perda de poder, isolamento ou conflito. Ou, ainda, na implementação de um regime de exceção, ditatorial, com perseguição e morte de opositores.
Infelizmente, o atual governo brasileiro tem demonstrado tais características ao desrespeitar o patriotismo, divulgado mentiras sobre o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a operação Lava Jato em canais oficiais, criando um clima de insegurança institucional e pouca fé no executivo.
Para melhorar essa situação, é urgente que o governo comece a promover um diálogo construtivo e respeitoso sobre as opiniões e sentimentos das pessoas em relação ao país, trabalhando para construir um senso de unidade e solidariedade entre as diferentes comunidades que compõem a nação e cesse o revisionismo histórico e a propagação de informações que são sabidamente inverdades.
O país precisa de líderes que trabalhem pela união e pelo bem comum da nação, e não por interesses pessoais ou partidários.
Caso o governo falhe em buscar consenso, ao final da lua de mel com o congresso nacional, crises institucionais podem levar a outro processo de impeachment, ao desfazimento do governo com uma reforma ministerial onde quase a totalidade dos ministérios acabe nas mãos do centrão ou, ainda, em um inconcebível regime autocrático populista com a supressão de direitos e perseguição de opositores.
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