Análise dos Resultados Eleitorais do 1º Turno e Desafios para o 2º Turno em Curitiba
- René Santos Neto
- 9 de out. de 2024
- 4 min de leitura

A disputa pela prefeitura de Curitiba caminha para um segundo turno acirrado entre Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB), após um primeiro turno marcado pela fragmentação de votos e pela concentração das intenções eleitorais nos dois candidatos principais. A partir de uma análise detalhada dos resultados por zona eleitoral, é possível identificar as fortalezas e fraquezas de cada um, e projetar as estratégias que ambos devem adotar nas próximas semanas de campanha.
Fortalezas e Fraquezas de Cristina Graeml e Eduardo Pimentel Região por Região
Zonas Eleitorais Dominadas por Cristina Graeml
1ª Zona Eleitoral (Abranches, Ahú, Centro Cívico, Mercês): Cristina Graeml obteve 33,72%, dominando essa área que abriga parte da classe média tradicional de Curitiba, marcada por um eleitorado mais conservador e alinhado aos valores tradicionais que a candidata representa. Essa região oferece à candidata uma base sólida para consolidar sua mensagem de mudança e renovar seu apelo aos eleitores preocupados com temas de segurança e moralidade.
178ª Zona Eleitoral (Batel, Bigorrilho, Seminário): Aqui, Graeml teve seu melhor desempenho, com 35,55%. Esse resultado reflete seu apelo junto a eleitores de alta renda e com viés conservador, que veem nela uma alternativa de ruptura com a política tradicional. Entretanto, o desafio será expandir esse apoio para regiões menos abastadas e atrair votos de eleitores indecisos ou moderados.
Zonas Eleitorais onde Eduardo Pimentel Prevalece
145ª Zona Eleitoral (Pinheirinho, Sítio Cercado): Eduardo Pimentel registrou uma vantagem expressiva, com 39,72% dos votos. Nessas regiões mais periféricas, Pimentel construiu uma narrativa de continuidade administrativa, com ênfase em melhorias estruturais e sociais, como expansão de transporte e saúde. Sua conexão com políticas de habitação e mobilidade pública consolidou seu domínio nessas áreas. O desafio será manter esse apoio e evitar que a mensagem de Graeml sobre renovação política se espalhe aqui.
175ª Zona Eleitoral (Campo de Santana, Caximba): Pimentel obteve 44,14%, um resultado robusto que evidencia sua capacidade de apelar para regiões que precisam de forte infraestrutura. Suas propostas para habitação e transporte são bem recebidas, e sua retórica de continuidade com as gestões anteriores fortalece sua imagem. Graeml terá dificuldades em penetrar esse eleitorado, a não ser que consiga adaptar sua mensagem para atender às necessidades locais.
Zonas Eleitorais Competitivas
2ª Zona Eleitoral (Atuba, Cabral, Boa Vista): Aqui, Graeml e Pimentel estão muito próximos, com 33,32% e 29,77%, respectivamente. A classe média dessa zona está dividida, e tanto Graeml quanto Pimentel precisam trabalhar de forma intensa para conquistar esses eleitores, que podem se inclinar tanto para a continuidade das políticas de infraestrutura quanto para uma renovação mais conservadora.
176ª Zona Eleitoral (Capão Raso, Novo Mundo): Cristina Graeml teve 29,53%, e Pimentel 38,49%. Embora Pimentel lidere, Graeml tem chances de crescer nesta região, explorando sua mensagem de mudança. Essa zona é um campo de batalha crucial, e Pimentel precisará solidificar seu apoio focando em políticas sociais e infraestrutura.
Desafios de Políticas Públicas e Propostas de Governo
Cristina Graeml (PMB)
O plano de governo de Graeml enfatiza a gestão disruptiva, com foco em empreendedorismo, educação inovadora e descentralização das políticas públicas. No entanto, algumas áreas críticas podem apresentar desafios:
Educação: Graeml propõe um currículo focado no empreendedorismo e em habilidades sociais, mas há uma carência de propostas concretas que lidem com as demandas emergenciais de infraestrutura educacional e inclusão digital em zonas mais periféricas, onde Pimentel tem força.
Saúde: Sua proposta de ampliar a Estratégia de Saúde da Família (ESF) é sólida, mas a implementação de novas unidades de saúde será complexa sem apoio e integração regional com a periferia de Curitiba e municípios vizinhos. Além disso, a modernização tecnológica que ela propõe enfrentará dificuldades financeiras sem reestruturação orçamentária.
Eduardo Pimentel (PSD)
Pimentel aposta em uma agenda de continuidade administrativa, focando em infraestrutura urbana, saúde, transporte e habitação. Contudo, ele também enfrenta desafios específicos:
Mobilidade e Infraestrutura: A conclusão de obras como a Linha Verde e a expansão do BRT são pontos fortes, mas o projeto de mobilidade urbana precisa de uma expansão regional mais integrada. O plano de Pimentel em relação à micromobilidade e à implementação de ônibus elétricos é promissor, mas será preciso maior clareza sobre os custos e cronogramas.
Habitação e Inclusão Social: O projeto de habitação social e o plano de realocação de famílias de áreas de risco são fundamentais para manter o apoio da periferia. Porém, Pimentel terá que lidar com a crítica de que as soluções habitacionais não acompanham a velocidade de crescimento populacional e urbano.
Conclusão
As próximas semanas serão decisivas, com Cristina Graeml tentando ampliar sua base de apoio nas áreas centrais e Pimentel buscando consolidar suas fortalezas nas periferias e regiões em crescimento. O segundo turno será uma disputa entre a continuidade de um projeto que já trouxe infraestrutura, versus uma proposta de ruptura conservadora que pretende resgatar os valores tradicionais com inovação e descentralização.
Graeml terá que adaptar seu discurso para regiões carentes de infraestrutura e serviços públicos, enquanto Pimentel precisará manter seu apoio nas periferias e evitar perder eleitores moderados que possam se inclinar por uma renovação conservadora. Ambos os candidatos têm fortes propostas, mas enfrentam desafios de implementação que precisarão ser abordados com clareza e realismo para convencer o eleitorado indeciso.
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