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Senado, Iguaçu e o novo xadrez do Paraná: Ratinho Junior em ascensão e as novas peças do jogo de 2026

  • Foto do escritor: René Santos Neto
    René Santos Neto
  • 27 de mai.
  • 5 min de leitura

Atualizado: há 1 dia



A nova rodada da Paraná Pesquisas sobre o cenário eleitoral de 2026 no Paraná expõe um panorama rico em nuances e movimentos estratégicos que podem redefinir a política estadual por mais de uma década. Em meio à fragmentação de nomes para o governo e à intensa disputa por duas vagas no Senado Federal, um nome continua pairando com protagonismo absoluto: Carlos Massa Ratinho Junior.


Com 62,3% das intenções de voto para o Senado em cenário estimulado, Ratinho Junior não apenas lidera com folga, como se posiciona como o único nome que une transversalmente o eleitorado paranaense — da base popular ao empresariado, dos centros urbanos ao interior, e de todas as faixas etárias e educacionais.


Mas o impacto da pesquisa não se encerra no Senado. Ela ilumina a emergência de Alexandre Curi como player competitivo ao governo e revela fragilidades estratégicas na candidatura de Sérgio Moro, que embora lidere a disputa, o faz com margens que podem rapidamente se tornar instáveis. Este é um momento definidor.


Ratinho Junior e o Senado: hegemonia que (trans)borda


Com mais de 80% de aprovação de governo, segundo a própria Paraná Pesquisas, e um governo avaliado como “ótimo ou bom” por mais de 66% dos paranaenses, Ratinho Junior figura como uma das lideranças estaduais mais populares do Brasil. Se decidir disputar o Senado em 2026, a eleição parece mera formalidade: Ratinho aparece como voto de mais de seis em cada dez eleitores em um cenário com pesos pesados como Requião (26,8%), Beto Richa (25,2%), Filipe Barros (19,8%), Gleisi Hoffmann (16,3%) e Pedro Lupion (8,9%).


Mas a força de Ratinho não reside apenas nos números. Seu diferencial é estratégico:

  1. Amplo arco de alianças: Consegue apoio simultâneo de alas bolsonaristas, centristas e setores do agronegócio, além de lideranças regionais e prefeitos.

  2. Desgaste quase nulo: Após seis anos no governo estadual, permanece com aprovação majoritária, mesmo entre eleitores com ensino superior e nas faixas etárias mais jovens — segmentos tradicionalmente mais críticos.

  3. Projeção nacional: Mesmo que concorra ao Senado, Ratinho Junior será um ativo valioso para qualquer projeto presidencial em 2026, seja como potencial vice ou como liderança de bancada.


O Senado, para Ratinho, é tanto um porto seguro eleitoral quanto uma plataforma de lançamento nacional. Sua entrada em cena redesenha todas as estratégias de candidaturas à segunda vaga, que será uma disputa de facões entre os ex-governadores (Requião e Richa), deputados de projeção nacional (Filipe Barros, Zeca Dirceu), e outsiders bem colocados nas redes (como Cristina Graeml e Gleisi Hoffmann).


Alexandre Curi: o nome novo do Palácio Iguaçu


Embora não seja estreante na política — Curi é deputado estadual com longa carreira —, é nesta pesquisa que ele emerge, pela primeira vez, como viável ao governo do Estado.


No cenário 2 da pesquisa estimulada, onde não há Ratinho Junior, Curi aparece com 20,8% das intenções de voto, praticamente empatado com Beto Richa (22,6%) e Requião Filho (21,7%). Seu desempenho é ainda mais expressivo em segmentos femininos, entre eleitores com ensino médio e entre os eleitores da região centro-sul do Estado.


Mas é no cenário 5, em confronto direto com Sérgio Moro, que Curi impressiona: 24% contra 58,1% de Moro, com apenas 12,6% de votos brancos/nulos e 5,4% de indecisos. Esses números, somados à baixa rejeição, indicam que ele possui uma curva de crescimento ampla — sobretudo se for ungido pelo grupo político de Ratinho, como é especulado.


Curi tem três vantagens claras para crescer:

  1. Herança política direta do grupo de Ratinho: é tido como fiel escudeiro da atual gestão, sem carregar os desgastes do poder.

  2. Capilaridade regional: tem base consolidada no interior e trânsito fluido entre prefeitos e lideranças locais.

  3. Imagem de moderação e capacidade de gestão, em um momento em que o eleitorado parece buscar candidatos “sem ruído”.

Se conseguir manter sua exposição positiva e colar sua imagem à continuidade da gestão Ratinho, Alexandre Curi poderá ser a grande surpresa de 2026.


Sérgio Moro: um favoritismo que oscila entre vantagem e fragilidade


Sérgio Moro lidera em todos os cenários testados. No cenário 1, aparece com 43,9%, contra Requião Filho (18,1%) e Beto Richa (17,9%). No cenário 3, lidera com 42,4%. No cenário 4, com 39,5%. E mesmo nos confrontos diretos, mantém vantagem sobre todos os oponentes.

Mas a leitura dos dados não deve ser simplista.


Apesar da liderança, Sérgio Moro patina em segmentos estratégicos:

  • Entre mulheres, perde parte importante da vantagem para Requião Filho e Alexandre Curi;

  • Entre os mais jovens (16 a 24 anos), seu desempenho é relativamente inferior ao registrado entre eleitores acima dos 45;

  • Apresenta nível de rejeição implícita alto: em todos os cenários, há mais de 20% de eleitores que optam por nulo/branco ou não sabem em quem votar, mesmo em enfrentamentos diretos com nomes menos conhecidos.


Além disso, Moro não possui base regional consolidada. Ao contrário de Curi e Richa, não tem partido com capilaridade no interior. Sua candidatura depende fortemente da própria imagem, da exposição nacional e da lembrança dos tempos da Lava Jato — cuja potência eleitoral parece hoje muito diluída.


Outro fator de risco é a eventual entrada de Rafael Greca no jogo. No cenário 8, Greca aparece com 33,8%, contra 54,3% de Moro. Se decidir sair candidato, com apoio de Ratinho e da máquina curitibana, poderia comprometer a hegemonia de Moro, especialmente na capital e região metropolitana.


A equação de 2026 no Paraná: Ratinho como fiador


Com Ratinho Junior no Senado e fora do páreo estadual, o grande fiador político da eleição ao governo será ele próprio. A depender de quem apoie, Ratinho poderá selar o destino da sucessão no Palácio Iguaçu.


Se apoiar Alexandre Curi:

  • Constrói uma linha de continuidade e evita rupturas;

  • Reduz os riscos de instabilidade institucional;

  • Protege seu legado.


Se optar pela neutralidade ou se dividir com figuras como Rafael Greca, corre o risco de ver Sérgio Moro capitalizar o vácuo político, ainda que em trajetória instável. Mas os números da pesquisa deixam claro: seu maior capital agora está no Senado, onde pode moldar alianças nacionais e projetar-se como liderança central para a presidência de 2030.


Conclusão: o Paraná diante de um reordenamento político


A pesquisa da Paraná Pesquisas revela mais que intenções de voto. Ela sinaliza uma mudança de fase na política paranaense:

  • Ratinho Junior ascende ao plano federal com capital massivo;

  • Alexandre Curi emerge como nome novo e viável, desde que impulsionado estrategicamente;

  • Sérgio Moro lidera, mas com estrutura instável, sujeito a implosão se confrontado com nomes bem organizados e alianças regionais sólidas.


A eleição de 2026 será, em grande medida, o início da era pós-Ratinho no executivo estadual. E o sucesso — ou fracasso — das figuras que agora despontam dependerá de como se alinham ao que a gestão atual representa: estabilidade, pragmatismo e entrega.


Referência da pesquisa: Paraná Pesquisas – Pesquisa de Opinião Pública – Estado do Paraná – Maio de 2025. Coleta de dados entre 17 e 21 de maio de 2025. Amostra: 1.550 eleitores em 58 municípios. Margem de erro: ±2,5 pontos percentuais. Intervalo de confiança: 95%. Registro: PR-03298/2025.

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