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O que as urnas disseram no dia 02 de outubro de 2022 no Paraná

Foto do escritor: René Santos NetoRené Santos Neto

As urnas falaram no Paraná. Apesar do mundo de pesquisas e previsões que inundaram os noticiários nas semanas pré-pleito, foi somente no dia 02 de outubro que tivemos o veredicto do processo eleitoral de 2022 no nosso Estado. E ele revelou algumas coisas bastante interessantes para o futuro político da Terra da Araucárias:


1) Continuamos sendo a República de Curitiba. As vitórias estrondosas de Sérgio Moro ao Senado e de Deltan Dallagnol para a Câmara Federal revelaram o vigor e a força do lavajatismo no Paraná. Apesar dos reiterados ataques sofridos pela Operação de setores da imprensa e políticos que foram alvos das operações, o lavajatismo resistiu às investidas e saiu das urnas em 2022 revigorado e com as suas duas principais lideranças fortalecidas do debate eleitoral. Sérgio Moro conseguiu a proeza de aposentar Alvaro Dias, o político mais longevo do Paraná (foram 54 anos de vida política ininterrupta), além de conseguir ficar à frente de Paulo Martins, o candidato oficial do governo Ratinho e do Presidente da República. Venceu também as pesquisas que davam uma vitória certa ao atual ocupante da cadeira do Senado. Em relação ao ex-procurador, uma resposta estrondosa nas urnas às inúmeras perseguições perpetradas a sua pessoa, principalmente por membros do Partido dos Trabalhadores. Deltan se tornou um personagem maíusculo da política paranaense e tem horizonte para pensar em voos mais altos. A Prefeitura de Curitiba em 2024 parece uma meta bastante factível em decorrência do sucesso eleitoral.


2) Crepúsculo dos políticos de Centro da Província. Alvaro Dias, Gustavo Fruet, Hermes Frangão Parcianello, Rubens Bueno, só para destacar os nomes mais vistosos, foram "aposentados compulsoriamente" pelas urnas. A fala mais equilibrada, porém sem assumir compromissos explícitos ou mais radicais foi "punida" nas urnas. Alguns já estavam com "fadiga de material" (notadamente o atual Senador Alvaro Dias), outros já vinham definhando politicamente nos últimos pleitos e em 2022 encontraram o encerramento (temporário ou definitivo) de suas carreiras políticas. Fica aqui a exceção de Beto Richa, por enquanto, que ainda aguarda a decisão do TRE em relação a elegibilidade de Jocelito Canto. Porém, só o fato de um ex-governador e cotado a ser um dos mais votados do pleito atual ficar em uma situação de expectativa se assume ou não o mandato já é um fato que o coloca em uma situação de quase-crepúsculo de carreira política. Todos esses citados provavelmente não terão mais espaço em grandes disputas majoritárias nas disputas vindouras. O recado das urnas foi duro. É possível que se reinventem. Mas terão que amassar muito barro e adaptar os seus discursos para a nova realidade.


3) As urnas revelaram que posturas mais ideológicas conquistaram o coração dos eleitores. A eleição de bancadas bolsonaristas (cabe aqui destacar a votação de Filipe Barros, o "01" do Presidente no Paraná), de bancadas setoriais (aí colocamos a eleição de Matheus Laiola, o "delegado dos pets"), bem como o crescimento das bancadas de esquerda dos movimentos setoriais (aí cabe ilustrar a eleição dos vereadores Carol Dartora e Renato Freitas, expoentes do movimento negro de Esquerda, que mostram o redirecionamento da Esquerda dos movimentos sindicais para os movimentos sociais), além da chamada "bancada do COVID" (destacamos aqui as eleições de Marcia Huçulak e Beto Preto como os mais votados nesta área), mostra que a defesa de classes e movimentos, independente de ser Esquerda ou Direita, foi a grande catapulta política para mandatos eletivos. A política tradicional de acordos ainda resiste, mas a tendência, com o crescimento orgânicos das redes sociais e das "bolhas", é que a chamada "política tribal" ganhe espaço nos próximos pleitos.


O cenário posto é este. Em 2024 a eleição da prefeitura de Curitiba já mostra um cenário de polarização entre dois fortes candidatos da centro-direita: Eduardo Pimentel (já com uma possível vice - Marcia Huçulak - a mais votada deputada estadual da Capital) e Deltan Dallagnol; e uma possível candidata da Esquerda, Carol Dartora, que foi a deputada federal mais votada da Capital. Corre por fora o deputado Paulo Martins, que fez uma votação expressiva para o Senado da República e pode repetir a mesma fórmula que levou Gustavo Fruet ao Palácio 29 de Março em 2012: ser derrotado por uma margem estreita no Senado e reverter o recall em votos suficientes para vencer o pleito seguinte.


Isto é política!




 
 
 

2 Comments


Jot Der
Jot Der
Oct 14, 2022

Uma boa analise do que de fato ocorreu em nossas urnas. O maior destaque sem dúvida coube a Sérgio Moro que derrotou Paulo Martins; um jovem e promissor político que ainda poderá ter um bom futuro; e aposentou talvez definitivamente Álvaro Dias, a mais velha raposa felpuda de nosso Estado.

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Anderson Ramos
Anderson Ramos
Oct 13, 2022

Afiado como um bisturi (o Autor) ... disseca o cenário politico paranaense com um detalhamento impressionante. Parabéns meu amigo.

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